entrelinhas...

".. uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida..."
Clarice Lispector

Um lugar incomum..

"Viver é ser outro,nem sentir é possível,se hoje se sente como ontem se sentiu,sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir;é lembrar hoje o que se sentiu ontem,ser hoje o cadáver vivido do que ontem foi a vida perdida."
Fernando Pessoa.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Sua falência...



“O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia.”
                                                                                                         Maria de Queiroz

Saudade.Palavra que por muito pouco não nasceu para ser saudável,mas que nasce sã e improvisadamente incontrolável; que se esconde nas armaduras e cataloga em tempo integral o passado desajeitado e penetra suas gotículas no presente; ouvi dizer também de seus casos com os desejos, e é sobre eles que quero falar.
Estou abandonando o caminho das tuas mansardas, resolvi deixar a colheita do teu pomar de duvidas, comecei a enfeitar a lapide do meu ego que quase instintivamente padecia diante do teu cheiro , do teu tempero, um dos meus maiores pecados, uma suplica marginal, eu sei que erro no meu desejo; e com essa mania de ter um querer pedinte, cego a razão e me concedo como um objeto duvidoso( sim; posso precisar)em sua mochila, nesse caos com veias e artérias, tatuei uma profecia , que veste anseios de certezas dizendo frente ao sepultamento, aqui jaz junto ao tormento , a angustia e a frustração , o cadáver do amor e alma do domínio sob teu reinado!

Aqui jaz teu império extinto!

Limpei teu nome das minhas asas e tirei minha direção da tua mira, estou abandonado o teu porto, aquele que invadi; estou a ancorar em outros cais, sentindo o aroma de outros cafés e permitindo a democracia de outros pensamentos, experienciando outros personagens dentro daquele travesseiro, deitei fora ao ombro da esperança e despertei e me despedi do seus pesares e frustrações.
Pela primeira vez chorei com nobreza, foram essas doloridas, cristalinas e salgadas gotas de pudor que levaram consigo o medo do poder das palavras tão legitimas que fingiu uma finitude estéril,e por que você dialogou tanto?
São rasos os olhares, tantos anagramas que ao mesmo tempo que formavam silabas, invertem ordens e me deixam recuadas em sentidos anulando a minha razão.
Meu amor escolhe vitimas, e acolhe os miseráveis.
Minha verdade prefere os contestáveis, enquanto minha mentira opta pelos cafajestes.
Já a minha saudade não tem escolha, sempre busca a tua ausência.