entrelinhas...

".. uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida..."
Clarice Lispector

Um lugar incomum..

"Viver é ser outro,nem sentir é possível,se hoje se sente como ontem se sentiu,sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir;é lembrar hoje o que se sentiu ontem,ser hoje o cadáver vivido do que ontem foi a vida perdida."
Fernando Pessoa.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Menos verdades...

 " O amor é o objetivo ultimo de quase toda preocupação humana; é por isso que ele influência nos assuntos mais relevantes,interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais."
                                                                                               Schopenhauer

Mais um tipo amante amarrado a sua solidão,mais uma cara comum embriado de sua confusões,na tristeza de conviver consigo,abraçado a suas decepções e intolerante a qualquer frustração,que participa por esporte da autoflagelação na busca de encontrar nos outros o que falta em sí.
Mais um sentimento retórico,bordado em erros e dúvidas,mais palavras falsas de um discurso sem significado,mais um coração violado,com memórias rompidas ou esquecidas por tentativas de inércia de uma alma que reclama por existir.
Mais de outro alguém naquilo,um pouco de nada em todo resto e tristeza por toda parte,por escolha,por vontade de expressar sentido a quem não entende.
 Mais de mim que observo e não interfiro,mais do meu ego que cala objeções e assiste um fim que nem sabe se deseja.
Mais espera ...
Mas,que se soubesse do que acontece,não perderia de vista sua contradições perigosas,fruto de noites longas mesmo quando eram dias, que teima em vingar para  não dizer a esperança que também precisa morrer.Um verdadeiro esconde-esconde de reações,palavras,atos e sentimentos,com virgulas,pontos,reticencias,exclamações,interrogações e muito parágrafos.
Mas então por que não deixa o significado de si oculto? Será  para não causar estranheza,por não entender o que quer de nós?
Os muros sempre me aborrecem,não gosto da vista de lá de cima,não preciso da imparcialidade,preciso de um eu inteiro... alguém tem um desses para vender?
 Algo em alguém em algum algo comum ?
Mais dúvidas.
Mais amantes amarrados a solidão
Mais sentimentos que se expressão bem por não dizerem nada.
Mais de nada em tudo.
Mais observações.
Mais espera.
Mais esconde-esconde.
Mais muros.
Menos de nós.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sobre a Chuva...

"Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas."
                                                                                  Charles Bukowski

O que faremos dessas noites que estrelas não aparecem,e as estradas parecem mais escuras do que são ?
O que diremos a nós sobre os  passos calmos,cansados e sem ritmo decididos a ficar?
Carregando um sertão na alma,um Saara no coração e uma parcela do passado nos olhar,vivo a exatidão repentina por algo tão inexato como um cigarro que acenda no maço ensopado,mas da tempestade que caiu por dentro,em mim,por nós.
Calo aos goles pitadas desse desafeto e da aparência insignificante que esse amor tem para os seus olhos;não há instinto mais sincero e cruel que um desejo;ele que por sua vez é essência e privilégio;desajeitado,mais seletivo;semântico de uma sinceridade que exclui ,de um prazer intimo que condena,e que só obedece uma lógica de Jung.
Que esses teus devaneios sejam atendidos,por que oro e bebo por tí,a cada pingo dessa chuva que cai para tua felicidade,que enxarca teus olhos de esperança e que por isso deixa me deixa mais distante do teu ego, me dispersando da tua morada,me carregando de volta e as pressas para o mar reacionário,me desapropriando da possibilidade do teu querer e novamente fazendo com que eu me sinta só.
 Eu, que me equilibrei nas tuas incertezas, que muitas vezes alimentei teus monstros,que prolonguei tuas estadias, que fui comida a tua fome,fui palco a tuas lembranças,pano as tuas lamurias, desperdiçada por uma garoa...
 Tão pequeno como esse copo com liquido ardente que adoça minha boca e reporta o amargo daquele beijo falso.
Tão incomodo quanto aquela fumaça que despeja além de toxinas,frustração.
Tudo Bem.
Ouvi os deuses comentarem que nem todo o vinhos é doce,e nem todo chocolate amargo mas ,será que isso é uma questão de paladar?
[ É assim que aguardo a chuva passar]
Te observo ir embora e me abandono por lá.