entrelinhas...

".. uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida..."
Clarice Lispector

Um lugar incomum..

"Viver é ser outro,nem sentir é possível,se hoje se sente como ontem se sentiu,sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir;é lembrar hoje o que se sentiu ontem,ser hoje o cadáver vivido do que ontem foi a vida perdida."
Fernando Pessoa.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sobre a Chuva...

"Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas."
                                                                                  Charles Bukowski

O que faremos dessas noites que estrelas não aparecem,e as estradas parecem mais escuras do que são ?
O que diremos a nós sobre os  passos calmos,cansados e sem ritmo decididos a ficar?
Carregando um sertão na alma,um Saara no coração e uma parcela do passado nos olhar,vivo a exatidão repentina por algo tão inexato como um cigarro que acenda no maço ensopado,mas da tempestade que caiu por dentro,em mim,por nós.
Calo aos goles pitadas desse desafeto e da aparência insignificante que esse amor tem para os seus olhos;não há instinto mais sincero e cruel que um desejo;ele que por sua vez é essência e privilégio;desajeitado,mais seletivo;semântico de uma sinceridade que exclui ,de um prazer intimo que condena,e que só obedece uma lógica de Jung.
Que esses teus devaneios sejam atendidos,por que oro e bebo por tí,a cada pingo dessa chuva que cai para tua felicidade,que enxarca teus olhos de esperança e que por isso deixa me deixa mais distante do teu ego, me dispersando da tua morada,me carregando de volta e as pressas para o mar reacionário,me desapropriando da possibilidade do teu querer e novamente fazendo com que eu me sinta só.
 Eu, que me equilibrei nas tuas incertezas, que muitas vezes alimentei teus monstros,que prolonguei tuas estadias, que fui comida a tua fome,fui palco a tuas lembranças,pano as tuas lamurias, desperdiçada por uma garoa...
 Tão pequeno como esse copo com liquido ardente que adoça minha boca e reporta o amargo daquele beijo falso.
Tão incomodo quanto aquela fumaça que despeja além de toxinas,frustração.
Tudo Bem.
Ouvi os deuses comentarem que nem todo o vinhos é doce,e nem todo chocolate amargo mas ,será que isso é uma questão de paladar?
[ É assim que aguardo a chuva passar]
Te observo ir embora e me abandono por lá.

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